Jornal Online da UBI, da Região e do RestoDirectora: Anabela Gradim |
Poder e submissão no espetáculo “As Criadas”
Bianca Colvara (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Maísa Melo Andrade (Universidade Federal de Uberlândia) · quarta, 15 de novembro de 2017 · Continuado Terceira apresentação de dez, a peça de texto forte é uma crítica social sobre liberdade, autoritarismo e vingança. |
(Foto: Divulgação) |
22001 visitas Com casa cheia, o Teatro das Beiras foi palco, neste último sábado, dia 4, da peça “As Criadas”, inspirada na obra de Jean Genet. O espetáculo se passa em um cubo espelhado, que lembra uma jaula e instalações que remetem à prisão. Essa adaptação do texto é apresentada pela Companhia Teatro Braga, sob o olhar do diretor Rui Madeira e marcou o final de semana de estreia do Festival de Teatro da Covilhã. No palco, as irmãs e criadas Clara e Solange gritam suas angústias. Ambas trabalham para a Madame e nutrem sentimentos contraditórios por ela. Ora admiração, ora ódio e até chegam a planejar sua morte. Quando ninguém vê, brincam de ser madame e empregada: vestem as roupas, usam a maquiagem e calçam os sapatos da patroa, como quem deseja ser igual a ela, mas, também, se vingar. O medo de serem descobertas e castigadas pela vida secreta que levam passa a atormentá-las quando o marido da Madame está prestes a sair da prisão, e a tentativa de envenená-la com um chá não sai como o esperado. O roteiro foi inspirado no caso das irmãs Papin, que assassinaram a patroa e sua filha na França. Genet, o autor da peça original, passou várias vezes pela prisão e foi em uma dessas passagens que escreveu “As Criadas”. “Temos de saber ouvir o que não está formulado”, respondeu Genet quando questionado sobre seus escritos, um exercício necessário para compreender o que está em jogo na jaula imaginária que prende Clara e Solange. Devido ao texto considerado forte, a peça dividiu opiniões e fez Maria da Conceição Freitas sentir e refletir sobre as relações de poder, a submissão e vingança. “Achei [a peça] um pouco forte e agressiva”, completa. Outro espectador, Jorge Pereira, que conhecia um pouco sobre o texto, já sabia o que esperar do espetáculo e pôde fazer um comparativo à partir da interpretação que viu. “Eu gostei da peça. Achei que havia ali aspectos que estavam mais bem tratados, e outros não tão bem tratados. De uma maneira geral, estava dentro de minhas expectativas”, declara. Mais espetáculos de teatro e música ocorreram de acordo com a programação do Festival de Teatro da Covilhã, que terminou no dia 11 de novembro.
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